segunda-feira, 19 de julho de 2010

Não atropele a gramática

Ao se pronunciar em público, alguns executivos mal preparados cometem deslizes com o bom português. "Fazem nove anos", "para mim entender" e "meia prejudicada" são erros primários que mostram lacunas no processo de educação e de preparo de porta-vozes.

Ter sempre à mão uma boa gramática da língua portuguesa e consultar regularmente dicionários são práticas obrigatórias para sanar dúvidas. O corretor do computador ajuda e detecta alguns erros de gramática, mas é necessário cuidado para não acatar todas as sugestões.

Veja os erros gramaticais mais comuns
- Fazem muitos anos. Relembrando: quando o verbo fazer se refere a tempo ou indica fenômenos da natureza, deve permanecer na terceira pessoa do singular, pois é impessoal, não tem sujeito e por isso não pode ser flexionado. O certo é: Faz sete anos que resido em São Paulo. Faz dois meses que estou na empresa.

- Houveram comentários. A mesma regra deve ser aplicada para o verbo haver, quando usado no sentido de existir. Por exemplo: Havia formigas em cima do bolo, e não haviam formigas. Houve comentários favoráveis à proposta, e não houveram.

- Explique melhor para mim entender. O pronome pessoal eu deve sempre ser usado antes do verbo no infinitivo. Só se usa o 'mim' quando não houver um verbo depois do 'para'. Maria trouxe os documentos para mim - ou para completar o sentido de adjetivos (é impossível para mim aceitar esta proposta).

- Estou me sentido meia prejudicada. É uma incorreção flexionar o advérbio meio. O deslize deixa a imagem do interlocutor meio prejudicada, e não meia prejudicada. Já o adjetivo meia tem flexão: meia entrada, meia carga...

- Haja visto. A expressão não existe. O correto é haja vista, terceira pessoa do imperativo do verbo haver acrescida de vista, um substantivo feminino. Exemplo: Haja vista as informações de suborno noticiadas pela mídia.

- Quando ele vir ao seu encontro... Para não errar, lembre-se de que o verbo vir exige a forma vier. Quando ele vier para o trabalho... e não quando ele vir... Por outro lado, o verbo ver exige a forma vir. Se os médicos virem o diagnóstico - e não se os médicos verem...'

Se você não comete esses erros, parabéns! Se necessita de aprimoramento, estude. O livro "Superdicas para escrever bem diferentes tipos de texto", de autoria de Edna M.Barian Perrotti, da Editora Saraiva, pode ser um bom caminho.

Paulo Piratininga (da Scritta)

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