domingo, 25 de janeiro de 2009

MST: 25 anos de resistência

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) comemora 25 anos de lutas e conquistas neste mês de janeiro. Neste quarto de século de resistência, um dos maiores e mais notórios movimentos sociais do Brasil, nascido no fim do regime militar, ganhou centenas de prêmios e conta com prestígio internacional.

O MST não tem um dia de fundação, mas o 1º Encontro Nacional dos Sem-Terra, realizado em Cascavel, no Paraná, em janeiro de 1984, marca o ponto de partida do movimento. A partir desse encontro, realizado numa época em que o Brasil vivia uma conjuntura de duras lutas pela abertura política, pelo fim da ditadura e de mobilizações operárias nas cidades, os trabalhadores rurais saíram às ruas com objetivos definidos: a luta pela terra, pela reforma agrária e por um novo modelo agrícola. E ainda: a luta por transformações na estrutura da sociedade brasileira e um projeto de desenvolvimento nacional com justiça social.

Em 1985, em meio ao clima da campanha "Diretas já!", o MST realizou seu 1º Congresso Nacional, em Curitiba, no Paraná, cuja palavra de ordem era "Ocupação é a única solução". Nesse mesmo ano, o governo de José Sarney aprovou o Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), que tinha por objetivo dar aplicação rápida ao Estatuto da Terra e viabilizar a reforma agrária até o fim do mandato do presidente, assentando 1,4 milhão de famílias.

Mas a proposta de reforma agrária ficou apenas no papel. O governo Sarney, ao final de um mandato de cinco anos, assentou menos de 90 mil famílias sem-terra, ou seja, apenas 6% das metas estabelecidas no PNRA.

A eleição de Fernando Collor de Mello para a presidência da República, em 1989, representou um retrocesso na luta pela terra. Em 1990, ocorreu o II Congresso do MST, em Brasília, que continuou debatendo a organização interna, as ocupações e, principalmente, a expansão do Movimento em nível nacional.

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso vence as eleições com um projeto de governo neoliberal, principalmente para o campo. É o momento em que se prioriza novamente a agroexportação. O MST realizou seu 3º Congresso Nacional, em Brasília, em 1995, quando reafirmou que a luta no campo pela reforma agrária é fundamental, mas nunca terá uma vitória efetiva se não for disputada na cidade. Por isso, a palavra de ordem foi "Reforma agrária, uma luta de todos".

Já em 1997, o Movimento organizou a histórica "Marcha nacional por emprego, justiça e reforma agrária" com destino a Brasília, com data de chegada em 17 abril, um ano após o massacre de Eldorado do Carajás, quando 19 sem-terra foram assassinados pela polícia no Pará. Em agosto de 2000, o MST realiza seu 4º Congresso Nacional em Brasília, cuja palavra de ordem foi "Por um Brasil sem latifúndio".

A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, representou um momento de expectativa, com o avanço do povo brasileiro e uma derrota da classe dominante.

Os integrantes do MST acreditam que as mudanças sociais e econômicas dependem, antes de qualquer coisa, das lutas sociais e da organização dos trabalhadores.

Balanço - Nestes 25 anos de existência, o MST conseguiu assentar 370 mil famílias por meio das ocupações de terras e está organizado em 24 estados, onde há 130 mil famílias acampadas e 370 mil famílias assentadas.

O MST também conquistou 2.000 escolas públicas em acampamentos e assentamentos, que garantem o acesso à educação a mais de 160 mil crianças e adolescentes, alfabetizou 50 mil adultos e jovens e formou mais de 4.000 professores.

Além disso, criou mais de 400 associações e cooperativas em assentamentos, que trabalham de forma coletiva para produzir alimentos sem transgênicos e sem agrotóxicos. Há ainda 96 agroindústrias, que melhoram a renda e as condições do trabalho no campo e oferecem alimentos de qualidade e baixo preço na cidade. (Fonte: Informes do PT)

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