As regras do acordo ortográfico da Língua Portuguesa
são obrigatórias no Brasil a partir deste 1º de janeiro de 2016. Em uso desde
2009, mudanças como o fim do trema e novas regras para o uso do hífen e de
acentos diferenciais agora são oficiais, com a entrada em vigor do acordo,
adiada por três anos pelo governo brasileiro.
Assinado em 1990 com outros estados membros da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para padronizar as regras
ortográficas, o acordo foi ratificado pelo Brasil em 2008 e implementado sem
obrigatoriedade em 2009.
A previsão inicial era que as regras fossem cobradas
oficialmente a partir de 1° de janeiro de 2013, mas, após polêmicas e críticas
da sociedade, o governo adiou a entrada em vigor para 1° de janeiro de 2016.
O Brasil é o terceiro dos oito países que assinaram
o tratado a tornar obrigatórias as mudanças, que já estão em vigor em Portugal
e Cabo Verde. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste ainda não aplicam oficialmente as novas regras ortográficas.
Com a padronização da língua, a CPLP pretende
facilitar o intercâmbio cultural e científico entre os países e ampliar a
divulgação do idioma e da literatura em língua portuguesa, já que os livros
passam a ser publicados sob as novas regras, sem diferenças de vocabulários
entre os países.
De acordo com o Ministério da Educação, o acordo
alterou 0,8% dos vocábulos da língua portuguesa no Brasil e 1,3% em Portugal.
Alfabeto,
trema e acentos
Entre as principais mudanças, está a ampliação do
alfabeto oficial para 26 letras, com o acréscimo do k, w e y. As letras já são
usadas em várias palavras do idioma, como nomes indígenas e abreviações de
medidas, mas estavam fora do vocábulo oficial.
O trema – dois pontos sobre a vogal u – foi
eliminado, e pode ser usado apenas em nomes próprios. No entanto, a mudança
vale apenas para a escrita, e palavras como linguiça, cinquenta e tranquilo
continuam com a mesma pronúncia.
Os acentos diferenciais também deixaram de existir,
de acordo com as novas regras, eliminando a diferença gráfica entre pára (do
verbo parar) e para (preposição), por exemplo. Há exceções como as palavras pôr
(verbo) e por (preposição) e pode (presente do indicativo do verbo poder) e
pôde (pretérito do indicativo do verbo poder), que tiveram os acentos
diferenciais mantidos.
O acento circunflexo foi retirado de palavras
terminadas em “êem”, como nas formas verbais leem, creem, veem e em
substantivos como enjoo e voo. Já o acento agudo foi eliminado nos ditongos
abertos “ei” e “oi” (antes “éi” e “ói”), dando nova grafia a palavras como
colmeia e jiboia.
O hífen deixou de ser usado em dois casos: quando a
segunda parte da palavra começar com s ou r (contra-regra passou a ser
contrarregra) – com exceção de quando o prefixo terminar em r (super-resistente)
-, e quando a primeira parte da palavra termina com vogal e a segunda parte
começa com vogal (auto-estrada passou a ser autoestrada). Quando a mesma vogal
terminar uma palavra e iniciar outra (anti-inflamatório, por exemplo), o hífen
permanece. (Fonte: V.Econômico)
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