O portal do jornal "Folha de S.Paulo"
publicou na noite desta quarta-feira (16) que o ex-diretor da Petrobras, Nestor
Cerveró disse, em seu acordo de delação premiada, que pagou US$ 6 milhões em
propina ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador Jader
Barbalho (PMDB-PA). O senador petista Delcídio do Amaral (MS), preso desde 25
de novembro, também teria sido destinatário de outros US$ 2 milhões, conforme
Cerveró.
Os pagamentos não viriam de uma única obra, mas de
um emaranhado de propina arrecadada em vários contratos da diretoria
internacional, de acordo com Cerveró. Entre os contratos da área internacional
sob suspeita de corrupção estão a construção dos navios-sonda e a compra da
refinaria de Pasadena (EUA).
Embora a área internacional fosse feudo político do
PMDB, Nestor Cerveró informou que foi nomeado para o cargo graças ao peso
político de Delcídio - de quem havia sido braço direito na área de gás da
estatal entre 1999 e 2001.
Outro delator da operação, o lobista Fernando
Soares, conhecido por Fernando Baiano, tem uma versão parecida com a de
Cerveró. Segundo Baiano, Renan e Jader teriam recebido US$ 6 milhões de
propinas em contrato de navio-sonda, enquanto Delcídio teria ficado com uma
"comissão" de US$ 1,5 milhão referente à compra de Pasadena.
As acusações do lobista já são investigadas no curso
de um inquérito que corre em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal
(STF). O ex-diretor concedeu depoimentos por quatro dias durante a semana
passada, na superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Ele está preso
desde janeiro.
Já Delcídio está preso sob suspeita de tentar
atrapalhar as investigações da Lava Jato. O petista foi detido após ter sido
gravado em uma conversa com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor, onde propôs
um plano de fuga e o pagamento de uma mesada em troca do silêncio do agora
delator.
O presidente do Senado nega a imputação feita pelo
delator. Renan Calheiros afirma que sua relação com empresas públicas e
privadas nunca ultrapassaram os "limites institucionais", segundo sua
assessoria de imprensa. De acordo com a "Folha", as defesas de Jader
Barbalho e de Delcídio do Amaral não responderam à reportagem.
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