O PMDB recebeu 23,55 milhões de reais
dos 48,85 milhões de reais destinados por empresas da Vale a comitês
financeiros e diretórios na campanha de 2014. O partido controla
o setor de mineração no Brasil, indicando o
ministro das Minas e Energia e a maioria dos chefes dos Departamentos
Nacionais de Produção Mineral (DNPM).
Números da Vale em 2014
Os números da Vale em 2014 são maiores que os divulgados pelo documento Quem é Quem nas Discussões do Novo Código da Mineração, pois três dessas empresas não estavam na lista feita pelo Ibase. A soma consolida a Vale como uma das maiores doadoras de campanha em 2014.
Essas
cifras se referem às doações eleitorais de seis empresas ligadas à
Vale: Vale Energia, Vale Manganês, Vale Mina do Azul, Minerações
Brasileiras Reunidas, Mineração Corumbaense Reunida e Salobo
Metais.
Em 2010, a
soma das doações da Vale alcançava 29,96 milhões de reais, para
todas as siglas. Isso mostra um aumento exponencial do investimento
do grupo Vale em campanhas políticas. Mas é mais que isso: naquele
ano, a empresa só doava para os comitês e diretórios.
Em 2014,
doou também para candidaturas específicas, do Congresso à
Presidência. Isso soma mais 39,32 milhões de reais drenados da Vale
para políticos do governo e da oposição, perfazendo um total de 88
milhões de reais – três vezes mais que em 2010.
Entre os
doadores para partidos (comitês, diretórios), o PMDB agora dispara
em primeiro lugar com seus 23,5 milhões de reais. Em seguida vêm o
PT, com 8,25 milhões de reais; o PSDB, com 6,96 milhões de reais; e
o PSB, com 3,5 milhões de reais.
PP e PCdoB
aparecem empatados com 1,5 milhão de reais cada. DEM e PCdoB
receberam 990 mil reais e 900 mil reais. A lista é completada com SD
(920 mil reais), PPS (800 mil reais), PSD (250 mil reais), Pros (150
mil reais), PRB e PDT (100 mil reais cada) e PEN (70 mil reais).
Os dados
são da Justiça Eleitoral, compilados pelo Outras
Palavras. O quadro abaixo se refere às doações
para os partidos, e não para as candidaturas.
CLUBE DOS 6
|
|
PMDB
|
R$3.550.000
|
PT
|
R$8.250.000
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PSDB
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R$6.960.000
|
PSB
|
R$3.500.000
|
PP
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R$1.500.000
|
PCdoB
|
R$1.500.000
|
Números da Vale em 2014
Os números da Vale em 2014 são maiores que os divulgados pelo documento Quem é Quem nas Discussões do Novo Código da Mineração, pois três dessas empresas não estavam na lista feita pelo Ibase. A soma consolida a Vale como uma das maiores doadoras de campanha em 2014.
A empresa
é, ao lado da anglo-australiana BHP Billinton, sócia da Samarco, a
responsável pelo rompimento de barragens em Mariana (MG), em um dos
maiores crimes socioambientais da história brasileira, com mortes e
desaparecimento de pessoas.
Esses 49
milhões de reais em doações para comitês e diretórios ainda não
dão conta de todas as doações feitas na campanha de 2014. Isso
porque é possível doar para os partidos – pelos comitês e
diretórios – ou para candidaturas específicas. Sejam estas para o
Congresso ou Executivo.
Na prática,
algumas doações para diretórios estaduais foram remanejadas pelo
PMDB e beneficiaram candidaturas específicas, em particular a de
parlamentares que atuam no Congresso em defesa dos interesses das
corporações.
A
candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT) recebeu 12 milhões de
reais da Vale Energia (2,5 milhões de reais), Salobo Metais (3,5
milhões de reais), Mineração Corumbaense Reunida, a MCR (4 milhões
de reais) e Minerações Brasileiras Reunidas, a MBR (2 milhões de
reais). Bem mais do que a verba injetada pelas empresas nos demais
candidatos do partido.
O governo
federal acena com multas à Samarco pelo vazamento
de resíduos em Mariana (MG), que já chegam ao
Oceano Atlântico, matando animais, plantas e poluindo rios numa
escala pouco vista no mundo. Esses números representam uma grande
inflexão em relação às doações feitas por empresas ligadas à
Vale na eleição de 2010.
Naquele
ano, segundo o Ibase, as doações para o PMDB (5,76 milhões de
reais) apareciam apenas em terceiro lugar, atrás do PT, com 10,38
milhões de reais, e do PSDB, com 6,95 milhões de reais. Ao
contrário de 2014, quando as duas siglas também disputaram o
segundo turno, a Vale só doava para os comitês nacionais de
campanha, ou diretórios nacionais, e não para candidatos
individuais.
A campanha
do candidato Aécio Neves (PSDB), derrotado no segundo turno, recebeu
no ano passado 2,7 milhões de reais da Vale Energia, criada ainda
nos tempos da Vale do Rio Doce. Não constam no DCE doações de
outras empresas da Vale.
A candidata
Marina Silva (PSB, hoje na Rede) recebeu 488 mil reais da MCR,
adquirida pela Vale há alguns anos de uma de suas principais
concorrentes mundiais, a Rio Tinto.
O
governador mineiro, Fernando Pimentel (PT), também teve campanha
financiada por mineradoras. Entre elas, Vale Energia, Vale Manganês,
MBR e MCR. Vale Manganês e Vale Minas do Azul (todas essas são da
Vale) contribuíram com 1 milhão de reais para a campanha de seu
concorrente, o tucano Pimenta da Veiga.
Eleito
senador, o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) igualmente foi
financiado pela CBMM (500 mil reais) e empresas da Vale, como Vale
Energia (300 mil reais) e MBR (500 mil reais).
A MCR
aparece como uma das principais doadoras para a campanha eleitoral do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), com 700 mil reais. A
doação foi para o diretório do PMDB, que repassou a verba para o
candidato. Ele também recebeu, igualmente por meio do diretório, 1
milhão de reais da CRBS, empresa especializada em prospecção
mineral que investiu 32,35 milhões de reais na campanha de 2014, dos
quais 4 milhões de reais para o Diretório Nacional do PMDB e 600
mil reais para a direção fluminense do partido.
Cunha foi
o líder
em emendas para o novo Código: nada menos que 90.
Muito à frente do segundo colocado, Bernardo Vasconcellos (PMDB-MG),
que apresentou 24 emendas. Um terço das emendas foram apresentadas
por deputados do PMDB. (Publicado originalmente no blog
de Alceu Castilho no Outras Palavras)
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