terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Continua impasse entre Vale e prefeitura sobre ramal ferroviário

Fotos: Waldyr Silva

Leo Filho, secretário adjunto de Planejamento


Vista aérea do Bairro Minha Casa Minha Vida

Representantes da Vale e da Prefeitura de Parauapebas ainda não chegaram a um acordo quanto à pauta de reivindicações que o prefeito Darci José Lermen apresentou para que um ramal ferroviário a ser construído pela mineradora possa passar num trecho do perímetro urbano da cidade.

O impasse teve início há cerca de 20 dias quando a Vale procurou a prefeitura com o objetivo de obter licença para passar no perímetro urbano de Parauapebas com um ramal ferroviário que a mineradora pretende construir até as minas de Canaã dos Carajás.

O ramal ferroviário terá 85,4 km de extensão e visa integrar, através de um sistema multimodal, rodoferroviário, o escoamento dos diferentes produtos da região, integrando ao corredor de exportação Norte, através de interligação com a Estrada de Ferro Carajás (EFC), o Porto de São Luís e os diversos empreendimentos da mineradora na região.

A ferrovia cortaria uma faixa do perímetro urbano à altura do Centro de Formação Paroquial, na rodovia PA-160, sentido Canaã dos Carajás; a rodovia PA-275, próximo ao loteamento Nova Carajás, saída para Curionópolis; passava aos fundos do Bairro Minha Casa Minha Vida, nas proximidades do Projeto Pipa; e ia até a EFC, na Vila Palmares Sul, cuja construção deverá ser feita ao longo dos próximos três anos.

Os administradores do município preveem que Parauapebas vai receber com a instalação de novos projetos minerários nos municípios vizinhos cerca de 30 mil migrantes ao longo dos próximos anos, e por isso a prefeitura teria que investir mais em educação, saúde, segurança pública, habitação e outros serviços essenciais, enquanto que os impostos e compensações financeiras de responsabilidade da Vale não cobririam os investimentos públicos.

Considerando que a nova ferrovia só trará problemas para a cidade, como poluição sonora pela movimentação diária dos comboios de trem e eventuais acidentes ceifando vidas humanas e animais, a prefeitura formou um grupo de trabalho com representantes das secretarias de Planejamento, Procuradoria Geral do Município, Meio Ambiente, Urbanismo, Cultura e Gabinete do Prefeito, para negociar uma lista de 10 itens com diretores da Vale.

PAUTA
Ouvido pela reportagem, Leônidas Mendes de Araújo Filho, popular “Leo Filho”, adjunto da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (Seplan), destaca três dos 10 itens apresentados à Vale em recente reunião no Rio de Janeiro: construção de um pólo universitário tecnológico, em parceria com a Universidade Federal do Pará; transformação do novo Hospital Municipal de Parauapebas, que deve ser inaugurado em maio do próximo ano, num hospital regional universitário, com área para estágio e residência para futuros formandos da faculdade de medicina a ser criada; e construção de aterro sanitário, com usina de reciclagem e aproveitamento de lixo, cuja área a prefeitura já teria comprado longe do centro urbano. Outras parcerias, como melhoria na infraestrutura urbana e apoio a políticas culturais voltadas para a juventude, também foram apresentadas à Vale.

De acordo com “Leo Filho”, a carta de intenções da prefeitura apresentada à Vale sugere para o pólo universitário tecnológico a implantação de 14 cursos regulares distribuídos nas áreas básicas de ciência exatas e tecnologia; ciência da natureza e tecnologia; ciências de biomediciana ou biomédica de saúde; e ciências humanas.

“Leo Filho” revela que a prefeitura já começou a manter conversações com o professor Eric Melo Pedreira, pró-reitor de Planejamento e Expansão da UFPA. Neste item, a Vale entraria na parceria com a concepção final do projeto; luta política para garantir os recursos financeiros nas esferas federal e estadual; manutenção dos cursos juntos com a prefeitura; e garantia de emprego para formandos na área de mineração e outras.

A prefeitura já teria uma grande área para construção do pólo universitário, localizada num dos novos loteamentos urbanos da cidade, compatível com as exigências da UFPA. “Todos os cursos que hoje são realizados no Centro Universitário de Parauapebas (Ceup) seriam transferidos para o novo pólo universitário e o Ceup seria devolvido para a Secretaria Municipal de Educação, que transformaria o espaço numa unidade escolar modelo”, explica o secretário adjunto.

A próxima reunião dos representantes da Vale, da prefeitura e da UFPA está marcada para a próxima quinta-feira (10), no prédio do Centro Administrativo (prefeitura), em Parauapebas.

A reportagem do CORREIO DO TOCANTINS entrou em contato via telefone e e-mail com a assessora de Imprensa da Vale, Andrea Reis, e com Luiz Antonio Mendes Veloso, gerente de Relações Institucionais da Vale. Por telefone, a assessora se limitou a informar que “as conversações com a prefeitura continuam em andamento”. (Waldyr Silva, Correio do Tocantins)

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns Valdir pelo blog suas informaçoes nos são de grande valia, já lhe considero um dos meus preferidos. Só espero que seje sempre impassial, ainda sinto um pouco de inteferência. Saiba que nós cidadãos parauapebenses somos carente de informações seguradas e que possam nos ser úteis na formação cidadã deste município.
OBRIGADO!!!

MARCOS FRAZÃO