sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Peritos criminais e jornalistas debatem cobertura de pautas policiais em workshop

Mácio Ferreira
Orientar jornalistas na cobertura de pautas que tenham locais de crimes como cenário foi o objetivo do workshop “Cena de crime: a importância da preservação dos vestígios de um local e a relação dos peritos com a imprensa”, realizado pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves na tarde desta sexta-feira (18), no auditório da instituição. Vinte e sete jornalistas participaram de palestras, uma simulação de local de crime (demonstrando os desafios enfrentados pelos peritos) e de uma mesa de debates.
Segundo Orlando Gouvêa, diretor geral do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”, a motivação para o evento surgiu após a constatação de dois indicadores que apontaram prejuízos ao trabalho dos peritos criminais. O indicador “locais de crimes idôneos” contabiliza, atualmente, apenas 15% dos casos, enquanto o indicador “locais de crimes inidôneos” representa 85% dos locais de crimes que sofrem alguma interferência da população ou da imprensa.
“É importante frisar que a imprensa não faz isso de má-fé. Compreendemos o vigor com que o jornalista apura os fatos para informar a sociedade, mas, para que os casos sejam justamente esclarecidos de maneira exata, há maneiras corretas de proceder. Em breve iremos divulgar uma cartilha completa com recomendações”, informou Orlando  Gouvêa, acrescentando que há interesse em realizar o workshop também para a população.
Preservar as provas
O perito criminal Paulo Bentes destacou os passos fundamentais que o jornalista deve seguir ao apurar um fato em local de crime. “É importante que o repórter não invada a cena do crime, pois, sem perceber, ele pode eliminar uma prova, fundamental para a solução de um caso. O melhor é procurar o responsável pela condução da investigação, se identificar e trocar informações, para que não haja nenhuma afirmação incorreta ao noticiar”, esclareceu.
Segundo Paulo Silber Gama, diretor de Jornalismo da Secretaria de Estado Comunicação (Secom), um dos componentes da mesa de debates, a cartilha, auxiliará o trabalho dos jornalistas, sem atrapalhar o dos peritos. “A informação precisa ser exata. Uma cartilha de recomendações ajuda, pois o trabalho dos peritos é técnico e, naturalmente, isso demanda tempo, investigação e conclusões. Não podemos nos basear em especulações, mas sim no parecer científico do profissional”, ressaltou.
Sérgio Chêne, assessor de Comunicação da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), que também participou da mesa de debates, lembrou o caso do avião particular que caiu na mata da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Belém, no último mês de julho.
“Quando eu cheguei ao local da queda, uma quantidade incontável de curiosos já havia invadido. Mudaram partes da fuselagem do avião de lugar, e isso é fatal para o trabalho dos peritos. Se nós, jornalistas, nos conscientizarmos disso juntamente com a população, o trabalho dos peritos, e consequentemente o nosso, irá melhorar”, contou o assessor.
A repórter dos jornais O Liberal e Amazônia, Cleidiane Silva, com 10 anos de experiência em coberturas policiais, disse que o workshop é um diferencial para a melhoria do trabalho. “O evento nos proporcionou uma ótima oportunidade de conversar abertamente com os peritos. Expomos nossos desafios para chegarmos a um consenso de como podemos nos ajudar. Com cooperação, o trabalho de todos melhora”, afirmou. (Sérgio Moraes)

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